Choro e revolta na sessão da Câmara

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14/10/2008 /10/2008
Choro e revolta na sessão da Câmara

Do sorriso largo aos berros de revolta. Das condolências, com direito a choro de emoção, aos parabéns, com abraços apertados e tapinhas nas costas. A sessão de ontem, na Câmara do Recife, teve de tudo. A tarde de reencontro dos vereadores pós-eleição serviu para demonstrações de pesar coletivo pelos que não foram reeleitos e para a caça aos “verdadeiros culpados” pela derrota dos 12 que tentaram, sem sucesso, renovar o mandato.
O mais exaltado de todos era João Alberto (PSDB), que não obteve sequer a chance de disputar o pleito. Devido a desentendimentos com seu partido, a candidatura do tucano acabou impugnada. Ressentido, o vereador elevou o tom do discurso e prometeu não se candidatar novamente enquanto a “política partidária não mudar”. Para completar, disparou contra o sistema eletrônico de votação. Para João Alberto, problemas técnicos em urnas do Recife teriam feito “vítimas”: Henrique Leite (PT), Mozart Sales (PT) e Liberato Costa Júnior (PMDB).
“Com os votos daquelas urnas quebradas, eles (Leite, Mozart e Liberato) teriam sido eleitos. E haveria segundo turno no Recife. Porque o crescimento de Raul Henry (PMDB) e Mendonça Filho (DEM) se deu mais naquelas zonas”, afirmou, lamentando a derrota majoritária das oposições. O vereador referia-se à questão da incompatibilidade entre cartões de memória e urnas nas 149ª e 151ª zonas eleitorais, que prolongou a votação em vários bairros da cidade. Apesar de assumir as dificuldades, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) tem insistido que a situação foi resolvida a tempo de todos os eleitores votarem. Segundo o secretário de tecnologia da informática do TRE, Acácio Leite, a hipótese de votos depositados nas urnas não terem sido contabilizados é “zero”.
Na Câmara, porém, o coro de acusação foi reforçado pelo líder da oposição, Daniel Coelho (PV). “Esse fato marcou as eleições. Pela primeira vez o sistema das urnas falhou. Isso é gravíssimo”. E nesse rumo a tarde seguiu, em uma cerimônia corporativa, sem governo nem oposição, sem debate sobre os temas da cidade. Eram todos colegas em solidariedade com a dor dos outros. Mozart, Henrique Leite e Luiz Helvécio (PT) foram os mais saudados. Fora o recordista em mandatos Liberato Costa Júnior, que, depois de dez períodos, não retornará à Câmara em 2009. Foi durante uma homenagem ao decano, de 90 anos de idade, que a torrente sentimental que invadiu o plenário tomou sua forma mais explícita. Priscila Krause (DEM) pediu a palavra para reafirmar seu compromisso de fazer oposição no próximo mandato. Ao final, porém, abriu espaço para honrar o peemedebista. “Liberato Costa Júnior, exemplo, espelho, amigo, eternamente eleito pelos nossos corações...”. E, ao dizer essas palavras, derramou as lágrimas que marcaram o ápice do dia em que a Casa de José Mariano deveria ter voltado a funcionar normalmente.


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